terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ressonâncias

No dia 24 de outubro chegamos ao final do processo de criação do projeto Zona de Risco. Essa criação evoluiu para um formato a partir de materiais já-prontos trazidos por cada grupo, da convivência entre os artistas e da dinâmica imprevisível das apresentações aos sábados.

O ZR resultou num trabalho criado a partir da articulação não-hierarquizada entre diversas linguagens artísticas. Elementos organizados por seleção, justaposição e/ ou combinação entraram em relação, tornando o trabalho cada vez mais orgânico. Ainda que mantendo uma estética da fragmentação, as linguagens se integraram em alguns momentos de fusão no tempo-espaço do agora-aqui da apresentação.

Como numa exposição/ instalação, o público podia acompanhar um percurso ou passear pelo espaço, concentrando-se em focos que se espalhavam mais ou menos aleatoriamente, desorientando-o e obrigando-o ao questionamento e estimulando seus sentidos. Nesse ambiente performático, o espectador (ou seria melhor dizer interlocutor?) observava e era observado. Sua presença e movimentação podia despertar ações e intervenções. Todos estavam expostos e vulneráveis a uma potencial atuação.

Essa estrutura não se enrijeceu ao longo do processo. Ela manteve-se aberta, pronta para acolher novas interferências e experimentações a cada sessão. O processo não se enrijeceu, mas chegou a um ponto em que as diversas colaborações formaram uma composição não-hierárquica em que cada linguagem se expressava de maneira autônoma, entrando em fusão em alguns momentos. Pode-se dizer que uma peça híbrida combina momentos de autonomia de linguagens heterogêneas e de organicidade ao mesmo tempo? Pois é essa a impressão que dá o resultado das experimentações dessa primeira edição do projeto Zona de Risco.