sábado, 5 de setembro de 2009

Estréia



Atuar quando ainda se está iniciando um processo de investigação e experimentação é atuar na incerteza, contando com a sorte dos acasos felizes e imprevisíveis. No sábado, ao nos reunirmos às 14 horas para passar um ensaio geral e resolver os dez minutos finais que ainda não havia sido estruturado, começamos a discutir a condução (e as condições) da produção que os grupos estão criando. Ao invés de tentarem, às pressas e prematuramente, afinar as passagens ainda cruas, a iluminação somente esboçada, o roteiro esburacado e com um final apenas imaginado, os artistas resolveram assumir o risco do improviso, adotar uma atitude de abertura para o que pudesse surgir durante a primeira apresentação conjunta. Afinal, o projeto Zona de Risco propõe ao artista uma busca constante, uma atitude que requer sair da zona de segurança para atuar numa zona de risco. Na sessão de sábado, o grupo já tinha um certo domínio do roteiro e dos recursos de cada parceiro, mas não do que poderia acontecer na interação entre os artistas. O índice de imprevisibilidade era alto, mas desafiador. Os músicos, que faziam o som na hora a partir de uma mesa que controlava o microfone de lapela dos atores, poderiam fazer interferências sonoras na cena e inclusive no texto falado pelos atores; um bailarino poderia usar sua voz e de repente falar; os atores poderiam dialogar com os bailarinos, que ao invés de replicar, responderiam com movimentos; os artistas visuais poderiam projetar imagens no espaço, abrindo novas leituras sobre a cena. Das interações e interferências que surgiram nos 40 minutos de apresentação, alguns caminhos poderão ser aproveitados, certos momentos poderão ser retomados, outros se perderão ou ficarão guardados na memória de quem os vivenciou ou capturou com uma câmera.



Fotos: João Mussolin - 05/09/2009

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