sábado, 12 de setembro de 2009

Habemus thema: fronteiras

Por sugestão do Rodrigo (BijaRi), adotamos o tema fronteiras. Não vamos ficar presos aos trabalhos apresentados por cada grupo até agora, mas como levantamos algumas questões durante nossos encontros, registro as que me vêm à memória e acrescento outras que me surgem agora.
Entropicália: Amplificada e Remixada - a partir da ruptura representada pela implementação do AI-5, Entropicália faz uma síntese de acontecimentos políticos, culturais e artísticos numa colagem que sobrepõe camadas de tempo e espaço de 1968 à atualidade. Propõe, em sua forma, o trânsito  entre dois momentos da história recente do país, retomando procedimentos criativos usados no tropicalismo e atualizando-os: fragmentação, colagem, antropofagia, estrutura não-linear, associando tempos e espaços sem ordem cronológica ou narrativa, mas segundo uma intenção poética. No tropicalismo, também já havia uma tendência à dissolução de fronteiras entre as artes e ao intercâmbio entre culturas distantes e distintas.
Olhar Oblíquo - fronteiras entre a realidade visível e a percepção aguda e momentânea do que está por trás dela; entre o concreto e o abstrato; entre o tempo interno e externo; entre a intenção e o gesto; entre o sentir, o pensar e o agir; corpos que se compõem com outros corpos em constante mutação, alternando movimentos individuais e coletivos em momentos que se concentram e em outros que se espalham pelo espaço. Uma forma que propõe a interação do ser integral (mente/corpo) com o espaço e o tempo.
Lispector - tradução musical do instante-já que se produz continuamente, no devir do pensamento e das sensações; uma abertura que dissolve fronteiras de tempo e espaço, vibrando no espaço, nos corpos individuais e também coletivamente. Uma experiência de imersão numa sonoridade que abre caminhos no sistema nervoso (!?). Saí do show (!?) um pouco sem chão (talvez por falta de referências), mas com a impressão de que a música produz reflexos na forma como nos sentimos, pensamos e nos comportamos.
Wetudo - Desesperando Godot - Vladimir e Estragon, ao saírem do limbo e irem de encontro ao resto da humanidade, atravessam várias fronteiras: entre a inação e a ação, entre o aqui e o algures, entre a presença real e virtual, entre o indivídual e o coletivo, questionando a vida rotineira e sem sentido das pessoas que esperam indefinidamente por Godot.

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